Morreu na noite desta terça-feira (27), aos 87 anos, o escritor Millôr
Fernandes. Humorista, dramaturgo, desenhista, poeta e jornalista, ele
faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência
múltipla de órgãos. O velório será realizado até as 15h desta
quinta-feira (29), no Rio, quando o corpo seguirá para cremação. As
informações são do cemitério Memorial do Carmo.
Em fevereiro de 2011, o humorista sofreu um AVC isquêmico e recebia
tratamento em casa, quando teve que retornar ao hospital, no final de
junho, por causa de uma pneumonia.
Nascido no bairro carioca do Méier, em 16 de agosto de 1923, Millôr
foi registrado oficialmente em 27 de maio de 1924. Com um ano, ficou
órfão de pai e, aos 10 anos, de mãe. Ao longo da vida, se firmou como
um dos mais importantes e atuantes intelectuais brasileiros. Adaptou e
escreveu obras para teatro e para televisão, além de ter imortalizado
diversas frases e aforismos.
Foto 24 de 24 - Obra
lançada por Millôr em parceria com Angeli em 2007, "Novas Fábulas e
Contos Fabulosos", pela ed. Desiderata. Nos dois livros que compõem o
trabalho, Angeli ilustrou contos e fábulas de Millôr
Mais Divulgação
Em 1943, após ter passado pelo jornal "Diário da Noite" e pela
revista "A Cigarra", onde criou seu famoso pseudônimo Vão Gogo, Millôr
retornou à revista "O Cruzeiro". Na publicação, criou, ao lado de
Péricles (de "O Amigo da Onça") a seção "O Pif-Paf".
Autodidata, em 1942 realizou a sua primeira tradução, para "Dragon
Seed", romance da americana Pearl S. Buck, com o título "A Estirpe do
Dragão". Anos mais tarde, essa função lhe renderia o título de maior
tradutor de Shakespeare no Brasil. Ele também traduziu obras de Anton
Tchekov, Bernard Shaw, Dario Fo, Luigi Pirandello, Molière, Mario
Vargas Llosa, Samuel Beckett, R. W. Fassbinder e Tennessee Williams.
Em 1946 , fez sua estreia literária com o livro "Eva Sem Costela".
Sete anos depois, foi montada sua primeira peça de teatro, "Uma Mulher
em Três Atos". Em 1964, aos 41 anos, editou a revista humorística "O
Pif-Paf", considerada uma das pioneiras da imprensa alternativa. Quatro
anos depois, participou da fundação do jornal satírico "O Pasquim", uma
das vozes mais ativas contra a censura e o governo militar durante a
ditadura nos anos 70. A publicação teve colaboração de Ruy Castro,
Paulo Francis, Ivan Lessa, dos cartunistas Jaguar e Ziraldo, entre
outros nomes importantes do jornalismo brasileiro.
Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.
Millôr Fernandes
Autor de mais de 40 títulos literários, o
cartunista atuou como colaborador de diversos jornais e publicações ao
longo dos últimos 60 anos, entre eles "Folha de S. Paulo", "Correio
Braziliense", "Jornal do Brasil", "Isto É", "O Estado de S. Paulo", "O
Dia" e "Veja".
Como desenhista, com passagem pelo Liceu de Artes e Ofícios do Rio
de Janeiro entre 1938 e 1943, expôs seus trabalhos no Museu de Arte
Moderna (MAM) do Rio de Janeiro em duas ocasiões. Em 1981, seus
trabalhos gráficos foram reunidos em "Desenhos" (ed. Raízes Artes
Gráficas).
Millôr Fernandes - 7 vídeos
Millôr Fernandes recita poema "A Baposa e o Rode" Em 2000, Millôr Fernandes recitou o poema "A Baposa e o Rode"
Como poeta, publicou "Papaverum Millôr" (ed. Prelo, 1967), "Hai-kais" (ed. Senzala, 1968) e "Poemas" (ed. L&PM, 1984).
Além de dramaturgo, atuou também como roteirista de cinema, séries
e programas de TV, adaptando para a Rede Globo na década de 1990 a obra
"Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida. No
filme "Terra Estrangeira" (1995), de Walter Salles, colaborou com
diálogos adicionais.
Em 2000, tornou-se um dos pioneiros a publicar na web ao lançar o
“Millôr On Line” no UOL.
Entre seus últimos títulos, Millôr lançou em 2007 pela editora
Desiderata "Novas Fábulas e Contos Fabulosos", reunião de contos e
fábulas ilustrados pelo cartunista Angeli. Em 2010, a atriz Fernanda
Torres adaptou na série "Amoral da História" duas obras anteriores para
o canal de televisão GNT, "Fábulas Fabulosas" e "A Bíblia do Caos".
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